sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Branca de Neve

Mais um dia insuportavel da minha vida, um aula chata, na qual o professor esta falando sobre medidas, mas a única medida que me interessa neste exato momento é a distancia entre meu rosto e a carteira. Abaixo um pouco o rosto e tento cochilar, só que a voz estridente do professor não me deixa descançar. A voz dele é uma coisa interessante, parece com uma cobra falando, sempre puxando o ‘s’ e tremendo o ‘r’.
Olho pela janela e vejo aquele dia lindo que clama por uma praia. Me concentro tanto com o dia que chego a esquecer que o professor está falando. Vejo uma arvore e fico pensando como seria legaleu estar debaixo da sombra daquela arvore dormindo, com certeza seria bem melhor do que essa aula.
Reparo que tem uma pessoa em pé, debaixo da arvore e ela me observa. É uma mulher alta e de cabelos bem negros e compridos, tão compridos que chegam até a cintura. Ela esta vestindo uma calça jeans e uma camisa preta, que faz contraste com sua pele, uma pele branca feito a neve. Que trocadalho infeliz, branca feito a neve, “Branca de neve”. É assim que eu vou chama-la.
A “Branca de neve” continua me olhando, com aquele olhar triste. Qual será o motivo desse olhar tão triste? Me dá vontade de pedir licença ao professor e ir consola-la. Ela passa a mão pelo rosto. Será que ela está chorando? Espero que não. Uma mulher tão linda como ela, não podia estar chorando.
Ela é tão linda que eu já não consigo mais deixar de observa-lá. Ficamos nos olhando, eu sinto como se seu olhar penetra-se meu corpo e pega-se em cheio o meu coração. Eu sinto alguem segurando meu braço.
- Broder, tá dormindo.
É um colega meu da classe.
- Não. Só estava um pouco longe.
- A aula já acabou.
- Certo. Velho, olha que mulher linda debaixo daquela ar...
Ela sumiu.
- Cadê rapaz?
- Ela foi embora.
Ela foi embora. Foi embora e eu não sei nada dela. Nada da “Branca de neve”. Não sei seu nome, sua idade, seu endereço, a única coisa que eu tenho é o seu rosto e seu apelido. “Branca de neve”. A menina branca feito a neve. A menina “branca de neve”.

Notliada “Dragon” Castle

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Se ele soubesse...

Se ele soubesse o quanto seria mais difícil sem Ela,
Ele teria dado mais atenção para Ela.
Se ele soubesse o quanto seria mais triste sem Ela,
Ele teria ficado mais próximo dEla.
Se ele soubesse o quanto seria mais sem sentido sua vida sem Ela,
Ele teria mais sentido a dEla.
Se ele soubesse o quanto seria mais solitario sem Ela,
Ele teria se juntado mais a Ela.
Se ele soubesse que sem Ela as coisas ficaria mais complicadas,
Ele teria feito tudo com Ela.

Porém,
Ele era humano, enquanto Ela um anjo.
Ele era imperfeito, enquanto Ela perfeita.
Ele era impuro, enquanto Ela pura.
Ele era burro, enquanto Ela esperta.

Agora ele é o nada, enquanto Ela é simplesmente o tudo.

domingo, 8 de março de 2009

Para Naru

Olá Naru,

Tudo bem? Como andam as coisas por ai? Como tem passado a família? E a Mutsumi, Shinobu, Motoko e lógico Kaolla? Tama-chan tá melhor da patinha deslocada? Espero que esteja tudo bem. Tudo caminhando como deve.

Apesar de tudo, as coisas aqui tem melhorado um pouco. Já tenho superado tudo. Tudo que passei. Realmente só sobrou as feridas e as dores, mesmo essa já diminuiram bastante. E as feridas tem sarado.

Tenho ido bem na faculdade. Progredido bastante. Surgiu até uma possibilidade de ir pra Áustria, estou até feliz com isso, mas sem muitas esperanças, já que o grupo cresceu bastante e são poucas vagas pra viagem. Provavelmente serei cortado pelo fato de não saber falar inglês, mas essa viagem é o minimo. Ela serviu pra mostrar outras coisas na minha vida. Coisas que venho perdendo por viver no meu passado.

Que ironia, né? Passei tanto tempo lhe dizendo para não viver no passado, olhar pro futuro e notar o presente. Acabei não fazendo isso quando era pra fazer. Porém já percebi meu erro, ou meus erros, e estou mudando isso.

Tenho tentado viver da melhor forma possível. Tenho até tentado para de fumar, apesar de as vezes ter recaídas como agora, mas isso é o mínimo para o jeito que estava antes. Por sinal achei aquele folheto que me você me deu. Lembras? Era um folheto para parar de fumar. Naquela época eu nem fumava tanto.

Não sei muito bem o motivo de ter lhe escrito esta carta. Deve ter sido o sonho, mas isso não vem ao caso. Vou terminar logo essa carta. Volto a dizer que espero que tudo esteja bem por aí. Apesar de saber muito bem disso. É só pra você saber que lhe desejo isso mesmo e não é mentira. É algo do fundo do meu coração. Algo do fundo do meu coração que finalmente se reconstroi.

Por sinal, tudo que eu passei serviu pra mostrar, entre outras coisas, quem são meus amigos de verdade. Você acredita que até pessoas que tinha se afastado de mim, ou que eu nunca mais havia falado, resolveram me ajudar e me dar apoio? Você nem acreditaria.

Por fim, quero que você mande lembranças a todos e que eles saibam que sinto saudades. Até da Tama-chan, apesar de você dizer que eu não gostava dela, eu gosto dela pra caramba.

Bem, é melhor eu voltar a trabalhar, pois tenho muita coisa a fazer e nem comecei ainda. Vou terminar esse cigarro e voltar a escrever esses relatórios.

Beijos e abraços.

Atenciosamente,

Lafaet Castle

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Julgamento

Sento-me na cadeira central do tribunal, olho para o Juiz, mas infelizmente não posso vê-lo. Ninguém pode.
O promotor se aproxima de mim. "Nunca foi tão fácil ganhar uma causa para mim." É o que ele me diz.
Olho para o júri, todos eles me olham com cara de indignação, repulsa, nojo, desprezo, ódio. Procuro pelo meu advogado. Não possuo um. Ninguém iria ser louco o suficiente para me defender. Uma causa perdida como a minha sujaria o currículo de qualquer um.
Todas as provas são contra mim, todas as evidências são contra mim, todas as testemunhas são contra mim. Nada ao meu favor.
O Juiz pergunta o que o promotor tem a dizer, ele me aponta e diz:
"CULPADO!"
O Juiz pergunta o que o júri tem a dizer, eles me apontam e dizem:
"CULPADO!"
O Juiz pergunta o que as testemunhas tem a dizer, elas me apontam e dizem:
"CULPADO!"
O Juiz pergunta o que tenho a dizer, e eu digo:
"CULPADO!"
Espero a condenação do Juiz e torço para que o veredicto seja a morte, mas Ele me condena a algo muito pior:
"Perante a todos aqui presente, eu lhe condeno a toda a eternidade sem Ela. A viver o todo sempre sem Ela. A permanecer na vida sem Ela."
Eu abaixo minha cabeça e peço por uma pena mais branda. Imploro por um veredicto mais leve. Suplico pela condenação a morte.
Porém o Juiz, desta vez é impiedoso (com toda a razão), se levanta e sai do tribunal. Apelo ao júri, contudo eles se levantam e saem do tribunal. Peço ao promotor, ele ri e sai do tribunal.
Olho ao redor e me vejo em uma cela. Uma cela sem grades ou paredes. Uma cela sem guardas ou vigias. Simplesmente uma cela, onde serei obrigado a viver sem Ela.
Notliada “Dragon” Castle

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Fichário Mágico Azul

Se eu colocasse aqui exatamente como eu a conheci estaria mentindo. Não lembro todos os detalhes, mas me lembro a essência. E é isso que importa, e não se naquele dia fazia sol ou chuva (apesar de lembra que fazia um sol miserável lá fora), ou se naquele dia eu havia almoçado ou apenas comido um hamburgue. Não, isso não importa. O que importa foi como eu conheci, como conheci aquela que um dia iria me mostrar tudo de belo na vida.

Lembro-me de que por algum motivo eu havia sentado na frente naquele dia, se não me engano era o terceiro ou quarto dia de aula (Essa precisão já se perdeu na minha memória). Me virei e pedi uma borracha emprestada a uma menina. Uma menina com uma camisa azul, com o cabelo preço de uma forma interessante, que eu não saberia descrever e nem sei ainda, mas da forma que ela costumava prender (este cabelos mais tarde lhe rendeu o apelido de S. Bethânia). Ela se virou e abriu o fichário azul, era um fichário mágico, eu sempre dizia isso. Naquele fichário ela conseguia me tirar de tudo. "Tem uma caneta?" Ela abria o fichário e pegava uma caneta. "Tem corretivo?" Ela abria o fichário e pegava um corretivo. "Tem tesoura?" Novamente ela abria o fichário e pegava uma tesoura. Sempre tinha tudo naquele fichário, sempre. Por isso o apelido de fichário mágico. Parecia o chapéu de Preston do Caverna do Dragão, com a diferença de que o chapéu de Preston era verde e sempre trazia a coisa errada (pelo menos era o que ele achava) enquanto o fichário dela era azul e sempre trazia a coisa certa.

Ela me entregou a borracha e sorriu, com aquele sorrisso timido e meigo que ela tinha e ainda tem. Nunca vou esquecer aquele sorrisso e como ela se virou rápido para frente toda tímida e envergonhada. Não posso lhe dizer que naquele dia eu passei a amá-la, não. Isso eu aprendi com o passar do tempo, mas daquele dia eu havia me apaixonado. Uma paixonite de um garoto com seus quinze anos. Um garoto que não sabia o poder daquela mulher. Um garoto que não sabia o valor dela. Mas um garoto, que mesmo demorando muito tempo para perceber isso, havia visto as coisas mais belas da vida naquele sorrisso, naquele olhar, naquela voz doce (as vezes estressante), naquele jeitinho encantador de ser.

Isto foi só a primeira impressão que eu tive dela. Lógico que depois vieram outras, pois nem tudo na vida são só flores. Porém estas outras impressões eu falarei depois. Até porque na minha vida agora só resto as lembranças e essas eu tenho bastante. Tantos as boas, quantas as más (e eu te digo, até essas fazem falta). Só me restaram as lembranças. As lembranças daquele cabelo Maria Bethânia. Daquele sorrisso tímido e meigo. Daquele fichário mágico azul.
Notliada “Dragon” Castle

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Olhos Vermelhos

São vinte e duas horas, desde as dezenove horas que eu vago por esta cidade fétida. Olho ao redor e vejo mendigos ao chão enrolados em papelões e panos velhos para se aquecer do frio, prostitutas exibem seus corpos feito mercadorias, drogados nos becos, bêbados vomitando nas calcadas e seres mau-encarados na escuridão. Como eu detesto esta cidade! Vim para este lugar por causa de trabalho. Um lugar promissor para um advogado. Tantos crimes que fica impossível não se conseguir um caso, desde um simples assalto ate um serial killer que coleciona orelhas. Pensei que aguentaria viver nesta cidade, mas esta cidade é tão imunda que me enoja. Ouço sirenes! É uma ambulância. Alguém deve ter esfaqueado alguém, ou um jovem deve ter exagerado nas drogas. Vejo uma menininha a frente, que coisa linda. Uma flor no meio do deserto. Uma pequena menina de cabelos dourados cacheados, de pele clara, parecida com uma boneca, passeando sozinha por esta cidade. Que mãe irresponsável! Deixar uma criança sozinha nesta cidade é muito perigoso, a quantidade de maníacos e estupradores é tão grande que estou admirado dela não ter sido atacada ainda. Ela esta olhando para um beco, tem algo lá que a intriga. Não! Tem alguém falando com ela. Quem será? Parece que ele a esta chamando. Não vá! Droga, ela esta indo. Não penso duas vezes se devo ou não socorrer aquela menina. Parto correndo para o beco e observo um homem debruçado sobre a menina.
- Deixe-na!
O homem voltou os olhos para minha direção. Aqueles olhos vermelhos como fogo e possuindo uma intensa maldade, como se toda maldade do mundo concentra-se naquele olhar. Sua boca esta suja, como o beco esta escuro não da para notar de principio do que se trata, mas aos poucos, com um pouco mais de observação. Oh meu Deus! O que encontra-se na boca dele é sangue. Por uma ação mais inconsciente do que consciente olho para a menina desacordada nos braços daquele monstro. Há um ferimento na menina, daquele lindo pescoço escorre gotas de sangue. Se eu estivesse armado com toda certeza do mundo eu abriria a cabeça daquele desgraçado. Só que eu não estou! Desde que eu cheguei nesta cidade todos me dizem que eu deveria anda armado. Se arrependimento matasse? Este é o típico caso em que ele mata! Aquela criatura parte para cima de mim com um velocidade que é animalesca. Não demora muito e sinto suas mãos em meu pescoço, logo percebo que não é só sua velocidade que é animalesca, sua força também é impressionante. Tento escapar, só que é inútil, feito um criança continuo tentando escapar. Só que a única coisa que escapa, ou melhor falta, é o ar dos meus pulmões. Puxo o ar e ele não vêm, puxo novamente e ele não vem! Sinto que a vida esta deixando o meu corpo, meus movimentos tornam-se mais lentos, começo a sentir uma tontura e todas as minhas forcas vão se acabando. Olho para o céu em busca de um milagre. Quem sabe eu tenha feito boas ações o suficiente para que um anjo possa me ajudar. Parece que enviaram um anjo ele vem caindo em minha direção com roupas negras, sorriso nos lábios e os olhos puxados e negros, tão negros como um lago em noite sem luar. Pensando bem isso não é um anjo, é sim a morte.
Notliada